Muitas vezes os sintomas causados por doenças da tireoide são tão abrangentes e variados, que acabam gerando confusão a respeito da função dessa glândula. A endocrinologista do Serviço Social da Construção (Seconci-SP), Carolina Spissirits Gomes de Amorim, ajuda a desvendar os mistérios que envolvem o tema.

Localizada na parte anterior da região cervical, a glândula tireoide produz os hormônios T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina) e, com isso, regula o metabolismo de todo o organismo, interferindo na função de importantes órgãos como o coração, o cérebro, o fígado e os rins. Quando a tireoide não funciona da maneira adequada, pode produzir hormônios em quantidade insuficiente, causando o hipotireoidismo, ou em excesso, ocasionando o hipertireoidismo. Em ambos os casos, podemos ter ou não o crescimento anormal da glândula, o chamado bócio.

“A doença tireoidiana pode ter diversas causas, sendo a doença autoimune o tipo mais comum em nosso meio”, explica a médica. Tanto o hipotireoidismo, quanto o hipertireoidismo, podem apresentar-se sob a forma assintomática ou subclínica, na qual há alteração do TSH sem alteração do T4 livre.

Carolina alerta para a importância do diagnóstico durante a gravidez. “O hipotireoidismo materno não tratado pode afetar o crescimento e o desenvolvimento da criança. Para detectar a doença no recém-nascido, é realizado o chamado Teste do Pezinho, que deve ser feito, preferencialmente, entre o terceiro e quinto dia de vida do bebê”, esclarece.

Disfunções na tireoide podem acontecer em qualquer idade e são simples de se diagnosticar. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, estima-se que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide em algum momento da vida. Mas isso não significa que sejam malignos. Apenas 5% são cancerosos.

O diagnóstico laboratorial do hipertireoidismo é estabelecido pelas dosagens do hormônio estimulador da tireoide TSH e T4 livre no sangue. Se os valores de T4 livre estiverem aumentados e os de TSH reduzidos, o paciente é portador de hipertireoidismo.

O tratamento do hipotireoidismo é feito com a reposição do hormônio levotiroxina, fabricado em laboratório e idêntico ao natural. O uso deve ser diário, com água e em jejum, de meia hora a uma hora antes do café da manhã. E os comprimidos são em microgramas, variando de 25 a 200, e não em miligramas como a maioria dos medicamentos. “Dessa forma, a levotiroxina não deve ser manipulada, pois há chance de erro de dosagem e biodisponibilidade”, destaca a especialista.

Já o tratamento do hipertireoidismo depende da idade e da condição física da pessoa. Os tratamentos disponíveis incluem medicamentos, como Tiamazol e Propiltiouracil, iodo radioativo, betabloqueadores e cirurgia. A remoção cirúrgica da tireoide (tireoidectomia) e a radioterapia são considerados tratamentos definitivos, porém não são os preferidos, pois podem ocasionar danos ao paciente.

De acordo com Carolina, “todas estas terapias oferecem riscos, por isso é muito importante que o paciente com suspeita de doença tireoidiana procure um médico, que verificará a melhor opção de tratamento”.

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