Congresso do Hospital do Câncer Mãe de Deus apresentou avanços terapêuticos para a doença

Ainda que representem uma fatia de até 10% do total de casos de câncer, pacientes que herdaram genes alterados de familiares têm maiores riscos de desenvolver a doença quando jovens, além de indicar que parentes próximos estão em grupos de riscos. Com o avanço em mapeamento genético, estes casos hereditários podem ser prevenidos ao analisar histórico familiar para identificar possíveis doenças e orientar pacientes. Estima-se que mais de 30% dos casos de câncer poderiam ser evitados por ações preventivas.

O mapeamento genético ganhou destaque quando a atriz Angelina Jolie optou pela dupla mastectomia preventiva. O exame escolhido pela atriz, que indicou chance superior a 80% para desenvolver o câncer de mama, é recomendado para pacientes que demonstrem alguns fatores, como histórico de incidência em familiares antes dos 40 anos.

“As pessoas que herdam uma alteração num gene podem ter um risco aumentado para mais de um tipo de câncer”, disse Patrícia Prolla, durante o 3º Congresso Multidisciplinar em Oncologia do Hospital do Câncer Mãe de Deus e 5º Encontro de Jornalismo. Decisão similar à da atriz ocorre somente após entendimento entre o médico e o paciente.

Para a médica Cristina Netto, a proporção de casos de câncer identificados como hereditários poderá aumentar quando outros fatores de risco genéticos forem descobertos. Em 2012, os planos de saúde foram obrigados a cobrir exames genéticos para pacientes que se enquadrem no grupo de risco.

No SUS (Sistema Único de Saúde), o acesso ainda é dificultado pelo valor dos procedimentos. Alguns pacientes sem planos privados são atendidos em centros especializados em pesquisa sobre o assunto. Em 2015, mais de mil pacientes foram atendidos pelo Programa Integrado de Assistência, Ensino e Pesquisa em Genética e Câncer do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Pesquisa cria círculo virtuoso

Um reforço em pesquisa, como alternativa para tratamento de câncer, é defendido pelo diretor do Hospital de Câncer Mãe de Deus, Carlos Henrique Escosteguy Barrios. Por meio de estudos clínicos, seria possível comprovar a segurança de novos tratamentos. “A pesquisa não serve apenas para criar novas drogas, mas para criar alternativas para prevenir, diagnosticar e tratar o câncer”, disse.

A pesquisa clínica cria um círculo virtuoso. “Tudo funciona melhor”, afirmou o médico Stephen Stephani, ao destacar que a equipe médica é qualificada com os estudos, usuários do SUS podem ter acesso a procedimentos regulados e uniformes em todo o mundo, além da geração de empregos criada em torno das pesquisas.

O aumento de casos de câncer seria um fenômeno ligado ao progresso e envelhecimento da população, segundo Stephani. Para o médico, a distância entre os serviços oferecidos pelo SUS e rede privada de saúde poderia ser reduzida ao incluir pacientes em pesquisas clínicas. Para ilustrar o “abismo”, Stephani apresentou dados sobre o número de aparelhos de ressonância magnética divido por milhão de habitantes. Em sistemas de saúde apontados como referências, o número está entre cinco e oito aparelhos por milhão. No Brasil, o sistema privado (17) e SUS (2,5) demonstrariam exageros para ambos os lados, conforme o médico.

Números no Brasil – Estimativa do INCA para 2016

  • 600 mil – Novos casos
  • 70% – Esporádico
  • 15% a 20% – Agregação familiar
  • 5% a 10% – Hereditário

•Prevenção primária poderia evitar 1/3 dos casos de câncer

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