A B2 Saúde & Bem-Estar e a Carelink, fizeram uma análise detalhada sobre as mudanças que estão sendo propostas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para uma nova regulamentação dos planos de saúde no Brasil. Estas mudanças estão previstas para serem debatidas em audiência pública em janeiro de 2025. Se aprovadas, essas mudanças entrarão em vigor, provavelmente, a partir de janeiro de 2026.

Aqui está uma análise crítica a cada um dos pontos:

  1. Reajuste de Planos Coletivos:
  • Pontos Positivos: A ampliação do tamanho dos agrupamentos para mil vidas nos planos coletivos empresariais e a totalidade dos contratos nos planos coletivos por adesão pode diluir o risco entre um número maior de beneficiários, resultando em reajustes mais equilibrados e previsíveis. Isso pode beneficiar especialmente pequenas e médias empresas, que terão mais estabilidade nos custos dos planos de saúde.
  • Pontos Negativos: A proibição da acumulação de reajustes por índice financeiro e por sinistralidade pode limitar a capacidade das operadoras de ajustar os preços de acordo com os custos reais dos serviços prestados. Isso pode levar a um descompasso entre os custos operacionais e as receitas, impactando a sustentabilidade financeira das operadoras.
  1. Coparticipação e Franquia:
  • Pontos Positivos: Estabelecer limites financeiros para coparticipação e franquia pode aumentar a previsibilidade dos custos para os beneficiários, protegendo-os de despesas excessivas e inesperadas. A isenção de coparticipação ou franquia para tratamentos de doenças crônicas e terapias oncológicas é uma medida importante para garantir o acesso contínuo e necessário a esses tratamentos.
  • Pontos Negativos: As operadoras podem repassar os custos adicionais decorrentes dessas limitações para as mensalidades dos planos, resultando em aumentos nos preços. Além disso, a implementação desses limites pode exigir ajustes operacionais e administrativos significativos por parte das operadoras. Não há nenhuma informação sobre a redução ou manutenção das Franquias Psiquiátricas, que hoje são de 50% após 30 dias de internação.
  1. Venda de Planos Online:
  • Pontos Positivos: A obrigatoriedade da venda online de planos de saúde pode aumentar a transparência e a concorrência no mercado, facilitando a comparação de preços e coberturas pelos consumidores. Isso pode levar a uma maior competitividade e potencialmente a preços mais baixos.
  • Pontos Negativos: A transição para a venda online pode representar um desafio para operadoras menores ou menos digitalizadas, que precisarão investir em tecnologia e infraestrutura para se adaptar a essa nova exigência. Além disso, pode haver uma curva de aprendizado para os consumidores que não estão familiarizados com a compra de planos de saúde online. Aqui há um aumento da ameaça ao desaparecimento dos corretores nos planos individuais e pequenos grupos. 

Essas mudanças propostas pela ANS têm o potencial de trazer benefícios significativos para os consumidores, mas também apresentam desafios que precisarão ser cuidadosamente gerenciados para garantir a sustentabilidade do setor e a qualidade dos serviços prestados.

Apesar de já iniciadas, mas com um amplo desenvolvimento, a saúde suplementar no Brasil está se preparando para várias mudanças e inovações em 2025.

Analisamos as principais inovações:

  1. Inteligência Artificial e Big Data:
  • Pontos Positivos: A utilização de IA e Big Data pode revolucionar a saúde suplementar, permitindo a previsão de doenças, identificação de padrões de saúde e sugestão de tratamentos mais eficazes. Isso pode resultar em um atendimento mais personalizado e preventivo, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo custos a longo prazo.
  • Pontos Negativos: A implementação dessas tecnologias requer investimentos significativos em infraestrutura e treinamento. Além disso, há preocupações com a privacidade e a segurança dos dados dos pacientes, que precisam ser cuidadosamente gerenciadas para evitar violações e abusos.
  1. Planos de Saúde Digitais e Telemedicina:
  • Pontos Positivos: A expansão da telemedicina oferece acesso rápido a consultas médicas e atendimentos virtuais, reduzindo o tempo de espera e facilitando o acompanhamento da saúde de forma prática. Isso é especialmente benéfico para áreas remotas e para pacientes com mobilidade reduzida.
  • Pontos Negativos: A qualidade do atendimento pode variar dependendo da infraestrutura tecnológica disponível e da capacitação dos profissionais de saúde. Além disso, a falta de contato físico pode limitar a capacidade de diagnóstico em alguns casos, exigindo um equilíbrio cuidadoso entre consultas virtuais e presenciais.
  1. Modelos de Remuneração Baseados em Valor:
  • Pontos Positivos: Esses modelos incentivam a qualidade e a efetividade dos tratamentos, em vez do volume de procedimentos realizados. Isso pode levar a melhores resultados de saúde para os pacientes e a uma utilização mais eficiente dos recursos.
  • Pontos Negativos: A transição para modelos de remuneração baseados em valor pode ser complexa e exigir mudanças significativas nos sistemas de pagamento e nos processos de trabalho. Além disso, medir a qualidade e os resultados de saúde de forma justa e precisa pode ser desafiador.
  1. Parcerias Público-Privadas:
  • Pontos Positivos: As parcerias público-privadas podem equilibrar inovação, eficiência e qualidade, especialmente em um cenário de recursos escassos. Essas parcerias podem trazer investimentos e expertise do setor privado para melhorar a infraestrutura e os serviços de saúde.
  • Pontos Negativos: A gestão dessas parcerias pode ser complexa e requerer uma regulamentação clara para garantir que os interesses públicos sejam protegidos. Há também o risco de que o foco em eficiência e lucro possa comprometer a qualidade do atendimento em alguns casos.
  1. Sustentabilidade Financeira:
  • Pontos Positivos: A busca por um sistema sustentável exige a otimização de processos, gestão eficaz de custos e investimentos em tecnologia. Isso pode ajudar a garantir a viabilidade financeira a longo prazo e a continuidade dos serviços de saúde.
  • Pontos Negativos: Os desafios financeiros são significativos, tanto no setor público quanto no privado. A implementação de medidas de sustentabilidade pode enfrentar resistência e exigir mudanças culturais e estruturais profundas.

Essas análises mostram que, embora as inovações e mudanças propostas para 2025 tragam muitos benefícios potenciais, também apresentam desafios que precisam ser cuidadosamente gerenciados para garantir o sucesso e a sustentabilidade da saúde suplementar no Brasi

As reações do setor de saúde às mudanças propostas pela ANS na regulamentação dos planos de saúde são variadas. Aqui estão alguns pontos principais:

  1. Operadoras de Planos de Saúde:
  • Pontos Positivos: essas mudanças também podem incentivar as operadoras a buscarem maior eficiência e inovação em seus serviços. A transparência e a previsibilidade dos custos podem melhorar a satisfação dos beneficiários e fortalecer a confiança no setor.
  • Pontos Negativos: No entanto, as preocupações das operadoras são válidas, pois os limites de coparticipação e franquia podem realmente aumentar os custos operacionais. A necessidade de ajustar as mensalidades para compensar a perda de receita pode impactar a sustentabilidade financeira das operadoras. Além disso, a adaptação às novas regras pode exigir investimentos significativos em tecnologia e processos administrativos.
  1.  Entidades de Defesa do Consumidor:
  • Pontos Positivos: As entidades de defesa do consumidor veem as mudanças de forma positiva, pois elas aumentam a transparência e a proteção para os beneficiários. A regulamentação dos reajustes dos planos coletivos e a obrigatoriedade da venda online de planos de saúde são medidas que podem facilitar o acesso e a compreensão dos consumidores sobre seus direitos e opções.
  • Pontos Negativos: No entanto, a implementação dessas mudanças pode enfrentar resistência das operadoras, que podem argumentar que as novas regras aumentam a complexidade e os custos operacionais. Além disso, a transição para a venda online pode ser desafiadora para consumidores menos familiarizados com a tecnologia.
  1. Profissionais de Saúde:
  • Pontos Positivos: A maior transparência e os novos modelos de remuneração baseados em valor são vistas de forma otimista pelos profissionais de saúde. Esses modelos podem incentivar práticas mais eficientes e focadas na qualidade do atendimento, resultando em melhores desfechos para os pacientes.
  • Pontos Negativos: No entanto, a transição para esses modelos pode ser complexa e exigir mudanças significativas nos processos de trabalho e nos sistemas de pagamento. A medição justa e precisa da qualidade e dos resultados de saúde também pode ser um desafio.
  1. Consultorias e Especialistas:
  • Pontos Positivos: Especialistas em saúde suplementar destacam que as mudanças são necessárias para a sustentabilidade do setor a longo prazo. A busca por maior eficiência, transparência e qualidade pode fortalecer o sistema de saúde suplementar e garantir sua viabilidade financeira.
  • Pontos Negativos: No entanto, a transição para as novas regulamentações pode ser desafiadora e exigir adaptações significativas por parte das operadoras e dos beneficiários. A implementação das mudanças pode enfrentar resistência e requerer um período de ajuste para que todos os envolvidos se adaptem às novas regras.

Essas reações refletem a complexidade e a diversidade de interesses envolvidos na saúde suplementar no Brasil. A ANS continuará a debater essas propostas em audiências públicas para ajustar as regulamentações de acordo com as contribuições recebidas.

As operadoras de planos de saúde têm expressado preocupações significativas sobre os impactos das novas regulamentações nos preços dos planos. Aqui estão alguns pontos principais:

  1. Inflação Médica: As operadoras destacam que a inflação médica no Brasil continua alta, com uma previsão de aumento de 12,9% a 17,5% em 2025. Esse aumento nos custos médicos, que inclui internações, consultas e novas tecnologias, impacta diretamente os reajustes dos planos de saúde.
  2. Custos Operacionais: As operadoras argumentam que os novos limites de coparticipação e franquia podem reduzir a receita proveniente dessas taxas, o que pode levar a um aumento nas mensalidades para compensar essa perda.
  3. Judicialização e Desperdícios: Outro ponto levantado é o impacto da judicialização e dos desperdícios no setor. As operadoras afirmam que a alta judicialização e procedimentos desnecessários aumentam os custos operacionais, o que pode refletir nos preços dos planos.
  4. Sustentabilidade Financeira: As operadoras estão preocupadas com a sustentabilidade financeira a longo prazo. Elas acreditam que as novas regulamentações precisam equilibrar a proteção ao consumidor com a viabilidade econômica das empresas.

Essas preocupações refletem a complexidade de ajustar os preços dos planos de saúde em um cenário de custos crescentes e novas regulamentações.

Para tal, as operadoras de planos de saúde estão adotando várias estratégias para se adaptar às novas regulamentações e aos desafios do setor. Aqui estão algumas das principais abordagens:

  1. Investimento em Tecnologia: Muitas operadoras estão investindo em tecnologias como inteligência artificial e big data para melhorar a gestão de dados, prever tendências de saúde e otimizar processos. Isso pode ajudar a reduzir custos e melhorar a eficiência operacional.
  2. Parcerias Estratégicas: As operadoras estão buscando parcerias com startups de saúde e empresas de tecnologia para desenvolver soluções inovadoras que atendam às necessidades dos beneficiários de forma mais eficaz.
  3. Foco na Prevenção: Há um movimento crescente para promover programas de saúde preventiva, que podem reduzir a incidência de doenças crônicas e, consequentemente, os custos associados a tratamentos de longo prazo.
  4. Modelos de Remuneração Baseados em Valor: As operadoras estão adotando modelos de remuneração que incentivam a qualidade e a efetividade dos tratamentos, em vez do volume de procedimentos realizados. Isso pode melhorar a satisfação dos beneficiários e a sustentabilidade financeira.
  5. Transparência e Educação do Consumidor: As operadoras estão aumentando a transparência em relação aos custos e coberturas dos planos, além de investir em programas de educação para ajudar os consumidores a entenderem melhor seus direitos e opções.

Essas estratégias visam não apenas cumprir as novas regulamentações, mas também melhorar a qualidade do atendimento e garantir a sustentabilidade do setor a longo prazo.

Modelos de remuneração baseados em valor são uma abordagem inovadora na saúde que visa melhorar a qualidade do atendimento e reduzir custos, focando nos resultados para os pacientes. Aqui estão os principais aspectos desses modelos:

  1. Foco nos Resultados: Ao invés de pagar por cada procedimento realizado (modelo fee-for-service), os prestadores de serviços de saúde são remunerados com base nos resultados alcançados e na qualidade do atendimento.
  2. Eficiência e Qualidade: Esses modelos incentivam a eficiência e a coordenação do cuidado, reduzindo desperdícios e promovendo práticas que realmente beneficiem a saúde dos pacientes.
  3. Pagamentos Agrupados: Em alguns casos, os pagamentos são agrupados por episódio de cuidado, como uma cirurgia ou tratamento de uma condição crônica, incentivando os prestadores a oferecerem cuidados mais integrados e eficazes.
  4. Monitoramento de Desfechos: A avaliação contínua dos desfechos clínicos e não clínicos é essencial. Indicadores de desempenho são utilizados para garantir que os cuidados prestados realmente agreguem valor à saúde dos pacientes.
  5. Sustentabilidade: Esses modelos buscam a sustentabilidade financeira do sistema de saúde, alinhando os incentivos financeiros com a melhoria dos resultados para os pacientes.

A ANS tem promovido a adoção desses modelos na saúde suplementar brasileira, incentivando operadoras e prestadores a implementarem práticas que priorizem a qualidade e a efetividade do atendimento.

Se tiver alguma dúvida, entre em contato com o nosso Diretor e Professor charleslopes@b2saude.com.br