Seja na área da saúde suplementar ou em qualquer outro setor, todos temos responsabilidades sobre o que compramos, o que vendemos e como acompanhar a livre iniciativa de mercado.
A #lei9656/98 e a criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS foram os grandes marcos para um mercado que não tinha regulamentações específicas. Novas coberturas, mais proteção e um órgão que passaria a controlar a aplicação destas regras. Um sonho parecia tornar-se realidade. A população pagava, as operadoras atendiam e a #ANS acompanhava as irregularidades que por qualquer motivo poderiam deixar o usuário sem direitos.
Tudo foi imaginado e tudo foi criado de forma politicamente correta. Esqueceram apenas de pensar que num mercado de custos crescentes, de novas tecnologias, de constantes alterações relacionadas às coberturas, poderia ocorrer a perda de controle. Muitas limitações foram proibidas e as que eram passíveis de aplicação, passaram a cair nas mãos do judiciário que ampliou o leque das interpretações e acabou trazendo coberturas ilimitadas na #SaúdeSuplementar.
Em meados de 2022 este mesmo judiciário, criou o termo “taxativo” algo que deveria acompanhar apenas as coberturas do #RoldeProcedimentos, mas dois meses depois, um grupo de políticos, preocupados com os usuários dos planos, derruba este termo e mais uma vez abre a porta do “exemplificativo”. Tudo certo se não estivéssemos vivendo um mundo de falsas interpretações e logo o “exemplificativo” trouxe o questionamento: Se agora é tudo permitido, por quê restrições?
Os motivos são sempre os mesmos, a política intercede e sempre intercederá no privado, mas devemos lembrar que estamos falando de um negócio. Algo que necessita de lucro para sobreviver e no meio de tudo isto, ainda não deixamos a pandemia. As variantes aparecem e o vírus continua matando. Manter as pessoas vivas é sinônimo de utilização de recursos ilimitados, mas que podem ser esgotados de forma cada vez mais rápida com as novas tecnologias, diferentes tratamentos, novos procedimentos e medicamentos milionários. Estes recursos são fornecidos por ¼ da população brasileira – 50 milhões de pessoas que tem acesso à Saúde Suplementar. Estas pessoas estão perdendo o poder de compra e alterando seus benefícios sempre para os mais simples e baratos, e paralelamente a esta redução de recursos as Operadoras de Saúde vêm buscando de forma indiscriminada a compra de hospitais, no intuito de verticalizar suas redes. Como consequência há um crescente descredenciamento e como num ciclo vicioso, as regras criadas lá em 1998 deixam de ser aplicadas, levando a um aumento das reclamações junto à ANS de produtos comprados para acesso a determinados hospitais que foram descredenciados e não foram substituídos.
Com a fonte de pagamentos secando, uma boa parte dos prestadores começam a buscar novas receitas através do reembolso das #operadorasdesaude que trabalham com esta modalidade.
Hoje é comum encontrar nas redes sociais grupos de médicos oferecendo cursos de como aumentar em 30% o seu faturamento com reembolso em seus estabelecimentos. Dito isto, o #IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) há alguns anos informou em suas pesquisas que 40% da utilização do mercado de saúde era de mau uso ou abuso, podemos dizer que são fraudes.
Falta coerência, falta ética, mas não falta dinheiro. Ele apenas está mal aplicado. Parte dos recursos deveriam ser para educação. Parte destes recursos deveriam ser aplicados em massificar ensinamentos aos usuários. Ensinar que seus dados informações privadas e não podem ser apresentados para quaisquer pessoas, para dar entrada nos reembolsos. Que coparticipação não é punição, e sim uma forma de ensinar a utilizar o benefício só quando realmente for necessário. Que realizar uma consulta e dividir seu recibo em 3 é como fazer 3 consultas e que pelo princípio do mutualismo todos pagarão por isso e que não podemos reclamar de custos, já que muitas vezes somos coniventes com os erros.
Mas fica a pergunta a ser respondida: De quem é o erro?
por Charles Lopes