Para ampliar a celebração do dia mundial da doação de sangue, comemorada em 14 de junho, o tema entra na agenda da campanha das cores para conscientizar as pessoas sobre a importância de fazer doação de sangue o ano inteiro.

Imagem de Mohamed Hassan por Pixabay

Regulamentada pela lei federal n.º 7649/88 para doar sangue é preciso se registrar no cadastro de doação de sangue. Assim como na doação de órgãos e de medula óssea. 

De acordo com a regulamentação que vai desde a lei federal n.º 1075/50, que antecede a lei de 88, passando pelo decreto n.º 3.990/01 e pela portaria n.º 158/16 até chegar à inédita decisão do STF em 2020, que alterou a regra, dando o DIREITO para que pessoas LGBTQIAPN+ pudessem doar sangue, algumas regras e normas precisam ser seguidas. 

Doação de sangue – critérios para doar

Quem já contraiu malária, ocasionada pelo “plasmodium malarie”, não pode doar sangue devido à possibilidade da existência de formas do protozoário no sangue e nos tecidos por vários anos, mesmo na ausência de sintomas. 

Com o avanço da ciência e em conformidade com a lei, é sabido que certas características como: piercings, tatuagens, orientação sexual e identidade de gênero não são impeditivos para doar sangue e salvar vidas!

Porém, é importante se informar sobre as regulamentações atuais. Por exemplo, maquiagem definitiva ou micropigmentação, tatuagens e piercings, bem como doenças e situações temporárias de saúde ou imunidade, podem colocar em risco tanto o doador quanto quem vai receber o sangue. Logo, existem regras de segurança no âmbito da saúde pública que precisam ser seguidas.

Nessas situações mencionadas anteriormente, de modo geral é solicitado um intervalo de 1 ano da arte na pele para que a pessoa possa doar sangue. Portanto, tatuados podem doar, desde que sua última tatuagem tenha 1 ano ou mais. Gestantes não podem. Lactantes também possuem restrições para realizar a doação. 

Em caso de enfermidades como doenças hematológicas, diabete, problemas cardíacos, pulmonares ou renais, entre outros, são impeditivos para realizar a doação de sangue.

Dúvidas e tabus sobre a doação de sangue

Afinal, quem pode doar? Quais são as restrições? Quais são os direitos legais de quem doa? Em que situações essas bolsas de sangue são usadas? Quais são os tipos sanguíneos que os bancos de sangue mais precisam? Continue a leitura que vamos responder todas essas perguntas.

Como já foi dito, pessoas LGBTQIAPN+ passaram a ter o direito de doar sangue. Apesar de ser uma droga que causa dependência, tabagistas podem doar sangue. Porém, para tal, precisam ficar algumas horas antes e depois sem fumar.

Pessoas com idade entre 16 e 69 anos que não tenham problemas de saúde, pesem mais de 52 kg e tenham o IMC a partir de 18,5 estão aptas a se candidatarem para doar sangue.

Após a gestação a mulher pode doar sangue. Porém, precisa esperar três meses após o parto, em caso de ter sido normal, ou seis meses, caso o parto tenha sido por meio de cesária. Lactantes só podem doar sangue a partir de 1 ano do bebê.

Quais são as restrições para realizar a doação de sangue?

Pessoas que fizeram cirurgias, tiveram COVID19, tiveram contato com pessoas infectadas ou vivenciam comportamento sexual sem prevenção contra ISTs não podem doar. Outras doenças que impedem a doação, são:

  • Doenças hepáticas ou autoimunes 
  • Hipertireoidismo 
  • Hanseníase 
  • Tuberculose 
  • Câncer
  • Sangramentos anormais 
  • Convulsões
  • Pessoas com doença infecciosa transmissível pelo sangue como: doença de Chagas, Hepatite, AIDS, Sífilis.

Quem estiver doente ou tenha tido doenças como, por exemplo, leucemia ou outros tipos de câncer, não podem doar sangue.

Caso esteja com sintomas ou problemas de saúde, tome alguns medicamentos que estão na lista de restrições ou façam uso de outras drogas, também não podem doar. 

Pessoas que tenham realizado procedimentos estéticos e/ou odontológicos, atuam em profissões ou lazer de risco, estão na lista de restrições do Ministério da Saúde

Em caso de ter tomado alguma vacina há pouco tempo, é preciso ver a tabela do ministério da Saúde. Por exemplo, antirrábica é preciso esperar 1 ano. HPV dois dias após vacinada a pessoa já pode doar.

Se a pessoa viajou para o exterior deve esperar 30 dias, depois que voltou ao Brasil, para doar. Se for para o Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins, devido ao alto índice de malária dessas regiões, deve esperar 12 meses. Quem morou na Europa entre 1980 e 2023 deve se informar no Alô Pró-Sangue (11) 4573-7800. 

Quais exames precisa apresentar para doar sangue?

Para doar sangue a pessoa voluntária não precisa apresentar nenhum exame. No dia e local da doação é feita uma triagem avaliativa. Sendo considerada apta a doar, a pessoa é submetida a uma coleta de sangue para exames de sorologia. Por esta razão é tão importante dizer a verdade nas perguntas feitas pela triagem.

Os exames realizados na coleta da triagem são os testes sorológicos. 

  • Hepatite B e C 
  • Sífilis
  • HIV/Aids 
  • Doença de Chagas 
  • HTLV-I/II 
  • Determinação de grupo sanguíneo AB0 e fator Rh 
  • Pesquisa de hemoglobinas anormais.


Todos determinados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, dentro da legislação em vigor. Ou seja, todo o sangue doado é testado rigorosamente para doenças transmissíveis pelo sangue.

Direitos de quem doa sangue

Quem doa sangue no cadastro recorrente, tem direito a pagar meia entrada em estabelecimentos culturais, ter atendimento preferencial em instituições como bancos e supermercados, são isentos da taxa de inscrição em concursos públicos, entre outros. Porém, esses direitos variam conforme a legislação de cada Estado.

No âmbito federal, o trabalhador tem a dispensa do dia da doação sem prejuízo do salário e atualmente há um PL – Projeto de Lei, tramitando no Congresso Nacional, para que a meia entrada se torne um direito para doadores de sangue em âmbito nacional.

No ano de 2020, em meio ao cenário pandêmico, o STF – Superior Tribunal Federal (STF), em decisão inédita e histórica, alterou a regra e desde então pessoas LGBTQIAPN+ passaram a ter o direito de doar sangue.

Situações em que as bolsas de sangue são usadas

Essencial para tratamentos e intervenções de urgência, uma única bolsa de sangue pode ser usada em até quatro pacientes. 

Além das emergências hospitalares e transfusões, as bolsas de sangue são usadas também em casos de anemias profundas, hemorragias graves, hemofilia, entre outros.

De modo geral, a transfusão de sangue é usada em casos de cirurgias, traumatismos, sangramentos gastrintestinais, partos com grandes perdas sanguíneas e em alguns pacientes com câncer.

Quais tipos sanguíneos os bancos de sangue mais precisam?

Esta é uma questão que está longe de ser uma ciência exata. Na Fundação Pró-Sangue, que fica na cidade de São Paulo, “os tipos sanguíneos O+, O-, B- e B+ estão em níveis de emergência, com estoque para menos de um dia caso não seja reposto. Os estoques do tipo sanguíneo A- está em nível crítico, para um ou dois dias, dependendo da demanda, e o tipo sanguíneo A+ está em nível de alerta.”

Já no Banco de Sangue Hemato, em Recife – PE, a urgência é para os tipos A+ e O-. No estado do Paraná a necessidade também está nesses dois tipos.

Veja a seguir a tabela dos tipos sanguíneos que podem doar e receber sangue:

TIPO RECEBEDOA
A+A+ A- O+ O-A+ AB+ 
A-A- O-A+ A- AB+ AB- 
B+B+ B- O+ O-B+ AB+ 
B-B- O-B+ B- AB+ AB- 
AB+Receptor UniversalAB+ 
AB-A- B- AB- O-AB+ AB- 
O+O+ O-A+ B+ AB+ O+ 
O-O-Doador Universal

As reações da mistura de tipo de sangue ou fator Rh são graves e até letais. Por isso, é preciso saber realizada uma tipagem sanguínea no processo de coleta na hora da doação de sangue. 

Em 2021, segundo Fábio Pires dos Santos, hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o tipo B ainda era considerado raro, representando apenas 8% da população brasileira. O tipo AB é considerado ainda mais raro. 

Atenção! É preciso estar bem alimentado para fazer a doação. As informações deste conteúdo possuem caráter informativo e educativo. Sendo assim, jamais substituirá qualquer orientação médica.