Modelo inspirado na Holanda promove redução de internações e de custos com cuidadores, além de melhorar indicadores de saúde de idosos

Imagem: Geralt por Pixabay

Este ano a expectativa de vida da população brasileira aumentou. Atualmente chega a quase 77 anos e, segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, até 2100, deve passar dos 88. 

Atento ao aumento no número de clientes nessa faixa etária, nas altas dos custos e do impacto em suas carteiras, operadoras de planos e seguros de saúde fazem parcerias com empresas especializadas no cuidado domiciliar, personalizado para idosos.

Vale ressaltar que, a expectativa de vida tem fatores preponderantes, como: hábitos saudáveis, predisposição genética para doenças, avanços tecnológicos na área da saúde, condições socioeconômicas, entre outros.

Atualmente, no Brasil, 11 operadoras já usam o modelo de cuidado domiciliar, inspirado no serviço holandês. Com isso, o modelo de negócio reduziu custos com internações e cuidadores, melhorando os indicadores de saúde dos pacientes atendidos. 

Indicadores da Saúde de Idosos

A ficha anamnese de um idoso costuma ter mais “sim” do que “não”. E é por aí que o cuidado domiciliar começa.

Para atuar de maneira preventiva, a fim de mitigar o risco de surgir ou agravar doenças no paciente, é preciso conhecer seu histórico. Afinal, um idoso com histórico de tabagismo, somado ao sedentarismo, certamente terá maior probabilidade de agravamento de doenças, que, nesse caso, aumentaria a despesa assistencial.

Personalizado para pessoas idosas, o modelo de negócio, usado como referência, foca em visitas periódicas realizadas por profissionais de enfermagem para avaliar as necessidades e problemas de saúde do paciente. Já nos primeiros atendimentos é possível traçar, junto a uma equipe multidisciplinar, um plano de cuidado. 

As demandas e intervenções variam desde o aspecto de saúde a fatores de mobilidade. Por exemplo: idosos que preservam a autonomia, mas precisam de acompanhamento para aderir ao tratamento de doenças crônicas terão um plano diferente daquele que não tem tanta autonomia e precisa adotar um estilo de vida mais saudável. Há também as intervenções de mobilidade com orientações de ordem física no caso de realizar mudanças de rotina ou na residência, para reduzir riscos de quedas e acidentes domésticos. 

O plano multidisciplinar pode prever visitas mensais, semanais ou até diárias, bem como indicação de psicoterapia, terapia ocupacional, entre outros, conforme o perfil e necessidade do idoso.

Acompanhamento da dieta com nutricionista, exames laboratoriais periódicos, aparelhos básicos na “farmacinha da casa” para medir a pressão, temperatura, oxigenação do sangue e batimentos cardíacos, bem como o glicosímetro, em caso de pacientes diabéticos, podem estar nesse plano de cuidado domiciliar. As orientações de uso desses equipamentos também está contido nesse programa de cuidado preventivo. Indicação de atividade física assistida, entre outros, também podem ser registrados neste plano.

Outros fatores avaliados

Para traçar um perfil de risco e chegar ao plano ideal, que irá de fato reduzir os riscos, com metas e prazos, será necessário conhecer o paciente e monitorá-lo, para só então verificar a melhora ao longo do tempo e a estabilidade da doença ou condição do idoso. Ações como as listadas a seguir são usadas para traçar um perfil, junto a ficha anamnese.

  • Estímulos de funcionalidade & Cognição 
  • Localização & Ambiente 
  • Medicamentos 

No caso de pacientes com especificidades que limitam sua autonomia, as visitas previstas devem ter mais frequência e o monitoramento é ainda mais específico com outros auxílios, como, por exemplo: ajuda nas tarefas de higiene e alimentação, administração e/ou aplicação de remédios, troca de sonda, entre outras ações de maior complexidade. 

Questões de saúde mental, doenças e dores crônica e demência são outros fatores que fazem parte desse atendimento personalizado.

Ações Preventivas

No escopo deste novo modelo de negócio no âmbito da saúde suplementar preventiva dos planos de saúde voltados para o atendimento personalizado com idosos estão:

  • Criação de vínculos 
  • Fortalecimento das relações sociais e familiares
  • Inclusão e orientação tecnológica para pacientes e familiares
  • Telemedicina
  • Uso de IA – Inteligência Artificial
  • Avaliação medicamentosa
  • Entre outros 


A reavaliação da necessidade do consumo de remédios em excesso e possíveis efeitos colaterais, estão no contexto do cuidado dessa equipe multidisciplinar que avalia inclusive a redução de interações medicamentosas.


Uma das operadoras que aderiram ao sistema, segundo publicação no portal do Estadão, a redução de idas ao pronto-socorro no grupo acompanhado chegou a 38% e 17% de internações. Na outra empresa monitorada, o grupo de idosos acompanhados teve redução de despesas de mais de 16% em um ano, ainda conforme o jornal. Por outro lado, o grupo que não passou por essa intervenção, o aumento nos custos passou de 18%.

Uma das operadoras que utiliza o serviço, diz que teve 6% de redução do custo assistencial no grupo de idosos acompanhados em um ano. Após um projeto piloto com 120 idosos.” 

Ter a possibilidade de poder tirar dúvidas sobre saúde, com uma equipe multidisciplinar, é visto pelos idosos como um grande diferencial neste atendimento.


Em junho, o jornal Estadão mostrou ainda que o número de beneficiários idosos com mais de 60 anos nos planos de saúde, cresceu mais de 32%, segundo dados da ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar. A faixa etária entre 70 e 74 anos, cresceu mais de 40% e o público com 80 anos ou mais chegou a um crescimento de 39,5%. Sendo assim, a proporção de idosos entre o total de clientes de convênios chegou a quase 15% na última década.

O fenômeno está diretamente ligado à expectativa de vida e traz um desafio para o setor: equilibrar as contas entre operadoras de saúde e usuários. Ou seja, manter a qualidade no atendimento e a relação custo-benefício. 


Promover maior acompanhamento de doenças crônicas e atendimento preventivo, é uma das maneiras para evitar complicações e internações. Em outras palavras, mudar e adaptar a gestão na prestação de serviço, deve ser o foco deste novo modelo de negócio.

O serviço de cuidado domiciliar pelo SUS e pelo convênio é um direito do paciente que já recebeu alta para voltar para casa, porém, ainda necessita de cuidados médicos e de outros profissionais para recuperar a saúde.

Dois dos maiores benefícios desse formato de cuidado com a saúde são: a liberação dos leitos para pacientes que realmente precisam do cuidado hospitalar e a redução do risco de infecções hospitalares.

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