Para saber o papel da alimentação na prevenção e tratamento de doenças graves, é preciso entender como o que comemos age no cérebro, despertando gatinhos e neurotransmissores.
Para começar é preciso contextualizar o que são doenças graves. Conforme a Lei 7713/88, estão na lista de doenças graves: a tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna (câncer), cegueira, hanseníase (lepra), paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação e a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids).
Dito isso, podemos expandir esse conceito para outras síndromes e enfermidades que diminuem a qualidade de vida das pessoas, além de desencadear outras patologias.
Usando algumas doenças da lista que consta na lei para direitos e benefícios da pessoa enferma, o cuidado com a alimentação é de suma importância para a prevenção e o cuidado de algumas delas, como, por exemplo, a tuberculose.
Uma dieta de baixa qualidade e deficiente de vitaminas, importantes para o sistema imunológico, faz com que o risco de desenvolver tuberculose, aumente. Especialmente em indivíduos de grupos de risco, como: crianças, idosos, pessoas em situação de desnutrição, com diabete, câncer, imunodeprimidos, entre outros.
No caso da EM – Esclerose Múltipla, também mencionada na lista, a alimentação é uma grande aliada na redução de sintomas e efeitos colaterais, para quem precisa de tratamento. Como não há vacina e é uma doença neurológica sem muitos recursos preventivos, evitar o tabagismo e ter uma dieta balanceada, rica em vitamina D, entre outros fatores, pode contribuir para prevenir o surgimento da EM.
Uma pesquisa realizada em 2019 concluiu que a dieta focada em vegetais, frutas, legumes, peixes e probióticos, reduz a inflamação sistêmica e a gravidade da fadiga, um dos sintomas que a esclerose causa.
Doenças Graves – Como a alimentação age no cérebro?
Quando nos alimentamos, o cérebro libera dopamina; neurotransmissor responsável por desempenhar vários papéis importantes, tanto no cérebro quanto no organismo.
Os neurotransmissores são “mensageiros” que transportam informações entre os neurônios ou células nervosas para outras células do corpo. Essas mensagens podem estimular ou não, afetando uma variedade grande de funções físicas e psicológicas; entre elas: apetite, humor, frequência cardíaca, sono, entre outras.
Consumir alimentos ricos em colina, por exemplo, são conhecidos por ajudar a preservar os neurônios, aumentar o poder cerebral e a produção de acetilcolina (neurotransmissor que melhora a memória, capacidade de aprendizagem e humor).
A gema do ovo é o alimento mais conhecido como fornecedor de colina para o cérebro. Mas ela também é encontrada em outros alimentos como: fígado de frango, levedura e salmão. A carne bovina, amendoim, couve-flor, brócolis, linhaça e outros peixes também possuem esse nutriente, porém em menor quantidade.
Recentemente foram publicados estudos que colocam a alimentação saudável como parte do tratamento psiquiátrico para depressão. Os estudos apontam redução no índice de risco de depressão em pessoas com dieta balanceada e fisicamente ativas.
Nesse contexto, além do uso de antidepressivos, quando necessário, já existem prescrições de dieta balanceada com encaminhamento para nutricionista, exercícios físicos e psicoterapia, como parte do tratamento de depressão, ansiedade e outras patologias.
Outro ponto relevante que permeia os estudos científicos é que alimentos saudáveis como: frutas, legumes e verduras são protetores do organismo contra doenças crônicas. A combinação da alimentação equilibrada e a prática de atividade física regular tem papel efetivo no funcionamento cerebral. Como resultado, é possível citar a melhora da circulação sanguínea, experimentada pelo cérebro, com o aumento da oxigenação e das sinapses, reduzindo as chances de desenvolver doenças neurodegenerativas.
Cardápio da felicidade
Frutas e vegetais coloridos são fontes de antioxidantes que protegem as células do corpo contra os radicais livres (moléculas instáveis que podem causar danos às células). São alimentos ricos em antioxidantes: mirtilos, morangos, acerola, couve, brócolis e espinafre.
Já a melancia, o abacate, o mamão, a banana e o limão, possuem triptofano, aminoácido que ajuda na produção de serotonina; importante neurotransmissor, assim como a dopamina.
A castanha-do-Pará é rica em ômega 3 e está na lista de alimento “coringa” das nutricionistas, no cuidado com a saúde dos ossos. Além disso, contribui para aumentar a imunidade e controlar o colesterol. Nesse caminho, o abacate, rico em ômega 9, ajuda no combate de infecções, além de ser um anti-inflamatório natural. Porém, por ser uma fruta calórica, precisa ser consumida com moderação.
No caso da cebola as propriedades são inúmeras e agem diretamente no cérebro. Rica em vitamina C, B e potássio, ajuda no controle da pressão arterial e também é uma forte aliada na saúde do coração. Sem sombra de dúvidas, deve fazer parte do preparo dos alimentos diários para uma alimentação saudável.
Os grãos integrais de modo geral são ricos em fibras, ômega 3 e vitaminas que ajudam no controle do colesterol e da glicose, além de ajudar no funcionamento do intestino, também chamado de “segundo cérebro” por alguns estudiosos.
Por fim, está cada vez mais notório que para prevenir e tratar doenças graves, os três pilares essenciais são: nutrição, atividade física e saúde mental.