Um nódulo persistente no pescoço, uma lesão na boca e rouquidão prolongada são sintomas que podem indicar um tumor na região da cabeça e do pescoço; se diagnosticado precocemente, as taxas de cura chegam a 90%; infecção pelo hpv é um importante fator de risco
Falar em prevenção do câncer é perfeitamente viável diante dos dados alarmantes projetados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Estima-se que cerca de 600 mil novos casos de cânceres sejam diagnosticados neste ano na população brasileira. A boa notícia é que cerca de um terço deles é evitável. Adotar hábitos de vida saudáveis, evitar vícios, ter uma alimentação balanceada, manter a higiene bucal em dia e acompanhamento médico periodicamente são medidas preventivas de extrema importância.
No mês em que se comemora o Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado no dia 27 de julho, a Campanha Julho Verde visa conscientizar a população sobre tumores da cavidade oral, faringe, laringe e tireoide. Entre os homens, estes cânceres ocupam o segundo lugar no ranking, atrás somente do câncer de próstata. Nas mulheres, o câncer de tireoide, sendo o quinto de maior incidência.
A falta de informação é um entrave para o diagnóstico precoce. No Brasil, 70% dos pacientes apresentam estágio avançado da doença. “Um nódulo persistente no pescoço, dificuldades para engolir, lesão na boca que não cicatriza e rouquidão prolongada são alguns dos gatilhos para o câncer de cabeça e pescoço”, elenca Robson Moura, presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC).
Além dos já conhecidos riscos provocados pelo consumo de bebidas alcoólicas e do cigarro, novos estudos publicados pelo Johns Hopkins Oncology Center, nos EUA, mostram que o papiloma vírus, o HPV, é um dos fatores que predispõem ao desenvolvimento de cânceres.
Embora existam mais de 100 tipos, somente as variações 16 e 18 chamam a atenção. “Eles estão associados a 30% dos cânceres na cavidade bucal em pessoas abaixo dos 40 anos e a 90% dos tumores de garganta”, aponta Moura, que acrescenta: “Porém, é importante destacar que o HPV também protagoniza tumores na laringe, e em toda a cavidade oral, como língua, gengiva e céu da boca”, acrescenta.
No entanto, uma característica diferencia o câncer causado pelo HPV: ele é menos agressivo e tem um desenvolvimento mais lento. Segundo o presidente da SBC, estes tumores são mais sensíveis às terapias. “O prognóstico de cura é mais otimista. Os pacientes respondem melhor à quimioterapia e à radioterapia. Quando diagnosticado em estágio inicial, a possibilidade de cura chega a 90%”, explica.