Faz só três anos que a Associação Médica Americana reconheceu a obesidade como doença. E os pacientes com obesidade se sentiam discriminados, pois acreditavam que se encontravam nessa condição por preguiça de exercitar-se ou falta de vontade para fazer dieta. O tratamento recomendado a eles se baseava, principalmente, no ‘binômio’fechar a boca e fazer exercício.
“Até 2013, a obesidade era interpretada por muitos como algo simples, como se bastassem dieta e atividade física para tratar esse problema de falta de controle. Sabemos hoje, entretanto, que o tratamento precisa ser para toda a vida. E que se for interrompido, a doença volta”, diz a médica nutróloga Maria Del Rosario Zariategui de Alonso, diretora do departamento de distúrbios alimentares da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
“A obesidade é uma doença metabólica crônica de origem multifatorial, com determinantes genéticos e ambientais, que se caracterizam pelo excesso relativo ou absoluto de reservas corporais de gorduras. Como o diabetes do tipo 2, precisa ser tratada com alimentação apropriada, atividade física adequada, terapia comportamental e medicamentos”, esclarece a médica.
Para o também nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Abran, é preciso incentivar o obeso a perder peso, independentemente da idade. “A obesidade induz um processo inflamatório crônico em todo o organismo, que, se não for tratado, pode ocasionar várias doenças, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, arteriosclerose, inúmeros cânceres e muitas outras.” Por isso, segundo ele, o tratamento deve ser semelhante ao de outras doenças crônicas. “A obesidade é uma doença que apresenta múltiplas causas etiológicas e, portanto, para ser combatida de forma mais eficaz, deve ser tratada por várias frentes, incluindo medicação”.
O médico chama a atenção para o fato de o obeso, como doente crônico, necessitar de tratamento constante, atenção e carinho. “O que infelizmente não costuma ocorrer por conta da forte discriminação que ele sofre na sociedade contemporânea.”