Objetivo é reverter problemas administrativos e assistenciais.

Cooperativa já estava sob direção fiscal e, agora, terá acompanhamento técnico. Nada muda para cooperados.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decretou regime de direção técnica na Unimed-Rio, que passará a ter um acompanhamento presencial de um agente nomeado pela agência reguladora, como antecipou o colunista do GLOBO, Lauro Jardim, em seu blog. Em crise financeira e institucional há dois anos, a cooperativa estava sob direção fiscal desde 2015, tendo a gestão e as contas observadas de perto pela ANS.

O órgão esclarece que não se trata de uma intervenção, mas de um monitoramento feito por um diretor técnico — que não é um funcionário da ANS e não tem poder de gestão —, que vai acompanhar de perto a rotina da operadora, orientando a elaboração e implementação de um programa de saneamento com medidas capazes de reverter os problemas administrativos e assistenciais detectados.

“A finalidade é fazer com que a cooperativa adote medidas mais efetivas para solucionar os problemas de natureza assistencial. As ações implementadas deverão refletir diretamente na melhoria do atendimento a seus beneficiários e, consequentemente, nos indicadores medidos pela ANS. Com esses resultados positivos, a operadora poderá sair do regime especial”, disse a agência em nota.

Fontes do setor afirmam que a direção técnica já estava prevista nos passos de recuperação da empresa, e, para o consumidor, é mais uma garantia, pois estará sendo observado outro aspecto além do econômico-financeiro. Até porque o índice de reclamações ainda é alto, embora não esteja aumentando.

— Temos um problema e estamos comprometidos em resolvê-lo. A Unimed-Rio é uma empresa viável, e o que mais precisamos hoje é de tempo para que as ações que estamos tomando possam surtir efeito — diz Denise Durão, diretora médica e vice-presidente da cooperativa de saúde.

NADA MUDA PARA BENEFICIÁRIO

A cooperativa garante que o atendimento permanece normalizado, sem impacto aos clientes e cooperados, e que qualquer iniciativa da direção técnica será no sentido de melhorar a prestação de serviço. Além disso, afirma que a direção técnica não representa o primeiro passo para a liquidação, mas visa a evitar que a situação chegue a um nível extremo.

A ANS, por sua vez, diz que não houve agravamento da situação da cooperativa e que continua valendo o termo de compromisso negociado na última segunda-feira, na sede da agência, com representantes dos Ministérios Públicos federal e estadual, da Defensoria Pública do Estado, da cooperativa carioca e de prestadores de serviços credenciados à empresa, quando foram debatidas metas e fixados compromissos para cada um dos participantes do processo de recuperação da Unimed-Rio. Nenhum detalhamento sobre o acordo foi divulgado.

Segundo a ANS, nada muda para os beneficiários, e, durante o regime especial, a operadora deve manter o atendimento regular aos usuários. A medida também não afeta contratos com fornecedores e demais prestadores da cooperativa.

Advogada especialista em direito à saúde, Renata Vilhena Silva acredita, no entanto, que essa decisão trará mais insegurança aos segurados e prestadores de serviço:

— O cenário é parecido com o da Unimed Paulistana. Alguns hospitais, clínicas e laboratórios podem se movimentar para pedir o descredenciamento da operadora, alegando incertezas no recebimento pelos serviços prestados. É preciso aguardar e ver os impactos da decisão, mas a expectativa não é animadora.