Novos tempos
Idosos têm recorrido também cada vez mais às redes sociais como ferramenta de interação
Desde que passou dos 60 anos, a aposentada Catarina Katsue Moniwa, de 74 anos, intensificou seus cuidados com o corpo e a mente. Alongamento, aulas de tango, musculação, exercícios para o cérebro e uso das novas tecnologias estão entre suas atividades.
“Sou muito ativa, sempre aproveitei bem a vida. Quando casei, aos 21 anos, parei de dançar e de jogar tênis de mesa. Tive quatro filhos e fiquei viúva em 1995. Com 64 anos, entrei na academia, estou fazendo musculação e danço muito”, diz Catarina, que tem hipertensão e hérnia de disco, mas não sofre com os problemas por fazer o controle.
Para afastar a possibilidade de ter Alzheimer, ela faz aulas de estimulação do cérebro com jogos. A vida social é mantida não só nas aulas que frequenta, mas com as redes sociais. “Uso o WhatsApp para falar com a turma da dança, sempre mandamos mensagens. Essas tecnologias ajudam, pois as pessoas postam coisas no Facebook e ficamos sabendo o que está acontecendo. Também encontro pessoas que não vejo há muito tempo. Amizade é algo muito importante.” Catarina diz que também não abre mão de passear no bairro onde mora e fazer compras. “O que tiver de interessante, vou fazer. Não fico tendo sonhos, estou fazendo o que quero no dia a dia. Se você souber aproveitar, a vida é muito boa.”
Educador físico da Planet Sport Academia, Marcus Prado dá aulas para pessoas da terceira idade e nota o impacto das atividades físicas aliadas ao estímulo de novas habilidades, como o uso das redes sociais, para os idosos. “Eles estão de olho no que é importante, buscam a melhora da coordenação motora e da cognição. O exercício é uma ferramenta para a longevidade, mas eles também fazem encontros fora, saem para dançar. Estão se socializando por meio das redes sociais e não ficam só dependentes da academia. Ao contrário do que os jovens estão fazendo, cada vez mais solitários com as redes sociais, os idosos sabem utilizar esses meios para ter mais contatos e sair mais de casa.” Geriatra do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos,
Rossana Maria Russo Funari diz que a interação com amigos é importante não só para os idosos, mas para a família e cuidadores. “Aos 80, 90 anos, os idosos perdem amigos e ficam muito solitários, sobrecarregando os filhos. É importante ter uma mudança de hábitos e fazer amizades. A gente tem de envelhecer
Atividades. Catarina, de 74 anos, dança e faz musculação com qualidade de vida, ter um círculo de amizades e se mexer. Diminuir os exageros e ter um estilo mais saudável de vida.”
Aos 60 anos e ainda com a vida profissional ativa, o aposentado Antônio José Vieira de Camargo foi surpreendido por um problema no coração e precisou entrar na terceira idade com novos hábitos. “Tinha uma vida sedentária. Fiz exames e soube que tinha múltiplas lesões nas artérias, três estavam comprometidas e precisei fazer duas pontes de safena e uma mamária. Depois, eu me conscientizei e comecei a cuidar da saúde.”
Hoje com 65 anos, ele é um dos alunos da Unidade Fitness do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), academia que tem como foco pessoas que já têm ou que querem prevenir doenças cardiovasculares.
Musculação, alongamentos, caminhada e bicicleta são as atividades praticadas por Camargo. “Quero viver uma vida mais saudável e ver meus quatro netos crescerem”, disse.
Presidente do Conselho Diretor do Incor, Roberto Kalil Filho diz que o fato de chegar à terceira idade não impede uma pessoa de adquirir novos hábitos e ter benefícios. “Quanto mais se estimula um idoso, mais ele vai ter qualidade de vida. Ter uma vida ativa torna a pessoa viva.”