A importância no tratamento da menopausa – o que é o tratamento?
No início da menopausa, a mulher poderá sentir sintomas muito fortes, o que interfere na sua maneira de viver e em sua qualidade de vida. Considerando a idade média da instalação da menopausa, por volta dos 45 anos, veremos que as mulheres passarão um terço de suas vidas sem hormônios. A falta de estrogênio na menopausa é o principal responsável pelas alterações do organismo feminino.
É a ausência dele que causa as ondas de calor ou fogachos, de forma variável, em aproximadamente 75% a 80% das mulheres. O estrogênio também é responsável pela textura da pele feminina e pela distribuição de gordura. Sua falta causará a diminuição do brilho da pele e uma distribuição de gordura mais masculina, ou seja, na barriga.
É a falta de estrogênio que causa a secura vaginal, que acaba por afetar o desejo sexual, pois transforma as relações em algo desagradável e doloroso. O estrogênio também é relacionado ao equilíbrio entre as gorduras no sangue, colesterol bom (HDL) e colesterol ruim (LDL). Estudos mostram que as mulheres na menopausa têm uma chance muito maior de sofrerem ataques cardíacos ou doenças cardiovasculares.
Outra alteração importante na saúde da mulher pela falta de estrogênio é a irritabilidade e a depressão. O estrogênio está associado a sentimentos de bem-estar e elevada autoestima, e a falta dele pode causar depressão em graus variados.
Por último, o estrogênio é responsável pela fixação do cálcio nos ossos. Após a menopausa, grande parte das mulheres passará a perder o cálcio dos ossos, doença chamada osteoporose, responsável por fraturas e por grande perda na qualidade de vida da mulher. Estudos recentes têm associado a falta de estrogênio ao Mal de Alzheimer, perda progressiva e total da memória.
A terapia de reposição hormonal é realizada para amenizar esses sintomas a fim de evitar que doenças mais sérias se desenvolvam. Para mulheres que podem usar os estrogênios, existem alternativas com medicamentos que também diminuem os efeitos da menopausa.
O intuito do tratamento é melhorar a qualidade de vida da mulher nessa nova fase.
TRATAMENTOS E CUIDADOS
Tratamento – Benefícios conforme Consenso da Associação Brasileira do Climatério (Sobrac) – 2004
Os estudos mostram que a terapêutica hormonal alivia efetivamente os sintomas do climatério, como ondas de calor (fogachos), insônia, irritabilidade, depressão e distúrbios relacionados aos órgãos genitais (ressecamento vaginal, prurido vulvar, incontinência urinária, entre outros), proporcionando melhor qualidade de vida às mulheres.
Indicações e contraindicações
Segundo a Sobrac, para indicar a TH, o médico deve observar se os sintomas da menopausa, principalmente ondas de calor, alterações menstruais, atrofia urogenital e tendência à osteoporose, interferem na qualidade de vida da paciente. O presidente do Conselho Científico da Sobrac e coordenador geral do consenso, Dr. César Eduardo Fernandes, destaca: “Nesses casos, os estudos científicos apresentam benefícios comprovados, mas as contraindicações devem ser igualmente avaliadas”. O médico deve verificar se a paciente possui antecedentes ou riscos elevados de doenças como tromboembolia, câncer de mama, câncer de endométrio e doença hepática, além de apresentar sangramento vaginal não diagnosticado ou porfiria (distúrbio provocado por deficiências de enzimas).
Menor dose efetiva
Muitos dos efeitos benéficos e adversos da terapia estão relacionados à dose hormonal, por isso, a tendência é que elas sejam reduzidas, de forma a trazer perspectivas para diminuir os riscos do tratamento. “A menor dose efetiva é a mais indicada”, informa Fernandes.
Tratamento individualizado
Até quando a TH deve ser mantida? De acordo com o documento da Sobrac, ainda não há um consenso sobre essa questão, mas a continuação ou interrupção depende de criteriosa análise da relação risco/benefício. “O tratamento deve ser individualizado, pois é preciso acompanhar a manutenção dos benefícios, a melhora da qualidade de vida e o aparecimento de efeitos adversos”, ressalta o médico. “A preferência da mulher em continuar ou não o tratamento é um item importante a ser considerado”, completa.
Sobre a Sobrac: A Associação Brasileira de Climatério (Sobrac) foi fundada em 1986 por um grupo de médicos interessados no estudo do climatério (masculino e feminino). Hoje a instituição conta com mais de três mil sócios no País, congregando profissionais da saúde, professores e pesquisadores. A entidade tem como objetivo contribuir para o aperfeiçoamento da classe médica, particularmente ginecologistas, por meio de publicações e eventos, além de difundir informações atualizadas sobre o assunto à sociedade.
O Consenso da SOBRAC continua atual. A maioria das recomendações do Consenso não sofreu grandes mudanças até hoje, e ainda é amparada pela mais recente publicação da Sociedade de Menopausa Norte Americana (NAMS), cujas recomendações atualizadas foram publicadas em 2008, na revista médica Menopaus, transcritos a seguir:
– O tratamento dos sintomas vasomotores (fogachos) continua a indicação primária para Terapia Hormonal (TH geral).
– A TH não é recomendada para tratamento de problemas sexuais exclusivamente.
– A TH não afeta o ganho de peso ou aumento do índice de massa corpórea.
– A TH não está aprovada para melhora da qualidade de vida exclusivamente.
– O uso estendido da TH pode ser opção para mulheres com redução de massa óssea quando outras terapias não são apropriadas, ou a avaliação risco-benefício é positiva.
– A TH pode reduzir o risco de doença cardiovascular quando iniciada em pacientes mais jovens e com menopausa recente.
– A duração mais longa da TH está associada com menor risco para doenças cardiovasculares e mortalidade.
– Pode haver menor risco de tromboembolismo venoso com a TH transdérmica em comparação à TH oral, mas não há evidência científica baseada em estudos randomizados controlados.
– Doses mais baixas podem ser mais seguras, mas não há evidência científica baseada em estudos randomizados controlados.
– O risco de câncer de mama pode estar aumentado com o uso de terapia estrogênio + progestógeno por mais de três a cinco anos. No entanto, a terapia com estrogênio isolado por menos de cinco anos tem pouco impacto no risco de câncer de mama.
– Ambas as terapias, com estrogênio isolado ou com estrogênio + progestógeno podem reduzir a mortalidade total em 30%, quando iniciados em mulheres com menos de 60 anos.
– O objetivo terapêutico é utilizar a mais baixa dose efetiva dos hormônios. As vias de administração não orais podem oferecer vantagens e desvantagens comparadas com a via oral.
– Não há indicação clara se a duração mais longa de TH melhora ou piora as relações risco-benefício.
– Estender o regime de TH para muitos anos (acima de cinco anos) deve ser feito com cautela, apenas em casos específicos.
– A decisão de não interromper ou reintroduzir a TH deve ser individualizada e quando os sintomas persistirem.
– O uso de TH deve ser consistente com os objetivos de tratamento, benefícios e riscos para cada mulher individualmente.
Fonte: Dr. Sergio dos Passos Ramos CRM17.178 – SP
Fonte: Gineco.