Os avanços no tratamento do câncer levaram a um maior índice de cura dos pacientes. Por outro lado, as doenças cardiovasculares são um efeito adverso frequente. De acordo com a publicação no European Heart Journal, da Sociedade Europeia de Cardiologia, de agosto de 2016, em geral, as complicações cardiovasculares da terapia contra o câncer podem ser divididas em nove categorias: disfunção miocárdica e insuficiência cardíaca; doença arterial coronariana; doença valvular; arritmias, especialmente aqueles induzidas por drogas QT de prolongamento; hipertensão arterial; doença tromboembólica; doença vascular periférica e acidentes vasculares cerebrais; hipertensão pulmonar e complicações pericárdio.

A coordenadora do serviço de Cardio-Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, Marília Higuchi dos Santos, explica que com as novas terapêuticas e aumento da sobrevida do paciente com câncer, a toxicidade cardíaca relacionada ao tratamento oncológico deve ser monitorada. Além disso, em pacientes sobreviventes de câncer é importante a realização de avaliação cardiológica periódica, visto que esses pacientes possuem aumento da incidência de doenças cardiovasculares em relação à população sem câncer.

Alguns tipos de tratamento de câncer, como mama, já possuem diretrizes e consensos de seguimento cardiológico. O exame mais utilizado para seguimento de cardiotoxicidade é a ecocardiografia. Entretanto, as alterações encontradas ocorrem em fase mais adiantada da doença.

Estudos têm sido realizados em busca de marcadores precoces de toxicidade cardíaca, bem como doença subclínica. Têm sido avaliadas novas técnicas de ecocardiografia e ressonância magnética para avaliação de dano subclínico, bem como novos biomarcadores. “Sabemos que a taxa de recuperação cardíaca é maior quando a detecção do dano é precoce”, afirma.

“Em relação à prevenção de doenças cardiovasculares, sabemos que muitos pacientes possuem fatores de risco comuns para a doença cardiovascular e o câncer, como sedentarismo e tabagismo, de forma que devemos atentar para a redução desses fatores. Além disso, hoje sabemos que sobreviventes de câncer têm risco aumentado de doença cardiovascular futura, sendo essa a principal causa de morte nesses pacientes. Assim, o checkup cardiológico é importante para esses pacientes e muitas vezes precisa ser realizado mais precocemente em comparação a população geral”, explica Marilia Higuchi dos Santos.

A evolução dos exames de imagem, oferecendo maior precisão e acurácia na avaliação do coração, função e estrutura, bem como das artérias coronárias, permite diagnóstico mais precoce de afecções cardiovasculares.

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