Apontado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa de cegueira irreversível, o glaucoma é caracterizado, na maioria dos casos, pelo aumento da pressão interna do olho. A previsão da OMS é de que até 2040 deve cegar de 3 a 5 milhões de pessoas no mundo, embora a maioria dos portadores não fiquem cegos.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier o glaucoma pode ser de ângulo aberto ou fechado. O oftalmologista afirma que muitas pessoas têm a falsa crença de que não podem passar pela cirurgia de catarata. Não é bem assim. Ele conta que alguns pacientes passaram a controlar melhor o glaucoma após a cirurgia, inclusive com diminuição do número de colírios usados.
O especialista diz que entre os 2 milhões de brasileiros com a doença, 10% têm glaucoma primário de ângulo fechado que predispõe mais à cegueira se não for tratado corretamente. Este tipo de glaucoma, explica, é caracterizado por alterações na anatomia do olho que elevam a pressão intraocular por dificultar o escoamento do humor aquoso, gel que preenche o globo ocular. As principais alterações anatômicas são:
Espessamento do cristalino decorrente da catarata.
Bloqueio pupilar relacionado a medicamentos ou outros problemas de saúde.
Espessamento das bordas da íris, parte colorida do olho que se move para frente.
Combinação de várias dessas alterações, principalmente entre orientais.
Os principais sinais de alerta de uma crise de fechamento do ângulo são: enxergar halos, dor de cabeça, visão turva, náusea e vômito.
Menos colírio
A boa notícia é que um estudo que acaba de ser publicado na The Lancet por um grupo de pesquisadores liderados por Augusto Azuara Blanco, do Reino Unido, revela a cirurgia de catarata pode ser adotada como tratamento de primeira linha no tratamento do glaucoma primário de ângulo fechado. Isso porque, dos 419 participantes no estudo, 208 foram submetidos à cirurgia de catarata. Três anos depois este grupo permaneceu usando menos colírio e a pressão intraocular se manteve 1 mmHg menor que a do outro grupo, a função visual e a refração ganharam correção. Entre os 211 participantes que passaram pela iridotomia a laser, cirurgia padrão para o tratamento de glaucoma, o uso de colírios caiu muito pouco, três pacientes ficaram permanentemente cegos contra 1 do grupo que operou catarata e a função visual e a refração permaneceram inalteradas.
Descontrole do glaucoma
Queiroz Neto afirma que nem todo portador de glaucoma pode se livrar da iridotomia. Isso porque, quando a doença está muito avançada, ainda que a espessura do cristalino com catarata influencie na pressão interna do olho, a substituição do cristalino pode não ser suficiente para controlar a doença. Outras alterações, elencadas pelo médico, que facilitam o descontrole da doença são: prévia crise aguda de glaucoma de ângulo fechado ou já ter passado por iridotomia.