Levantamento do Ministério da Saúde aponta que o número de casos de Aids tem aumentado entre os homens no Brasil. Em 2006, a razão era de 1 caso em mulher para cada 1,2 caso em homens enquanto que, em 2015, o cenário passou a ser de 1 caso em mulher para cada 3 casos em homens.

Os dados são do Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de 2016, divulgado nesta quarta (30) por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro. De acordo com o novo boletim epidemiológico, 827 mil pessoas vivem com HIV/Aids no Brasil. A epidemia no Brasil está estabilizada, com cerca de 41,1 mil casos novos ao ano.

Os casos de Aids em mulheres apresentam queda em todas as faixas etárias, sobretudo entre as que têm de 25 a 29 anos. Em 2005, eram 32 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2015, esse número chegou a 16 casos por 100 mil habitantes.

Já entre jovens do sexo masculino, houve um incremento de casos em todas as faixas etárias. Dos 20 aos 24 anos, por exemplo, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos para cada 100 mil habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015.

TRANSMISSÃO DE MÃE PARA FILHO

A taxa de detecção de Aids em menores de cinco anos caiu 36% nos últimos seis anos, passando de 3,9 casos por 100 mil habitantes, em 2010, para 2,5 casos por 100 mil habitantes, em 2015. A taxa em crianças dessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da chamada transmissão vertical do HIV.

“A redução de 36% na transmissão de mãe para filho foi possível graças à ampliação de diagnósticos, que promovemos nos últimos anos, aliada ao reforço na oferta de medicamentos para as gestantes”, explicou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

“O caminho para o fim da epidemia, é o início da vida sem HIV e Aids. Os dados apresentados pelo Brasil na redução da transmissão vertical são parte do trabalho de enfrentamento da situação em todo o mundo”, disse Georgiana Braga-Orillard, diretora do Unaids Brasil (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids). Segundo ela, desde 2000, a queda da transmissão vertical evitou a morte de 1,6 milhão de bebês em todo o mundo.

JOVENS SÃO OS MAIS VULNERÁVEIS

Os números mostram que jovens de 18 a 24 anos permanecem como o grupo mais vulnerável à Aids no país. Apesar de o diagnóstico tardio ser menor nessa faixa etária, entre os que são soropositivos, 74% buscaram algum serviço de saúde, apenas 57% estão em tratamento e 47% tiveram carga viral suprimida.

Ricardo Barros avaliou que os jovens, de modo geral, não mantêm o hábito de frequentar unidades de saúde. Ele lembrou que o grupo é “de difícil convencimento”.

“Eles se acham saudáveis e são mesmo. Mas não sentem que precisam ir ao posto de saúde se proteger”, disse. “Mesmo nas campanhas para vacinação nas escolas, a recusa é muito grande”, exemplificou.