A decisão agora terá o apoio de três entidades médicas brasileiras importantes, como a Sociedade Brasileira de Cardiologia

A necessidade do jejum de 12 horas para o exame que mede níveis de gordura no sangue – colesterol e triglicérides – tem sido muito discutida nos últimos dias. Pois agora três entidades médicas brasileiras de peso se posicionam oficialmente, validando a não obrigatoriedade desse jejum. São elas: a sociedade Brasileira de Cardiologia, a de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial e a de Análises Clínicas. Com isso, os laboratórios poderão em breve coletar amostras sanguíneas para as chamadas lipoproteínas (colesterol total, HDL-c, LDL-c e triglicerídeos), independentemente do fato de o paciente ter se alimentado previamente ou não.

Há uma exceção: aqueles que apresentem concentrações de triglicérides acima de 440 mg/dL ao longo do dia (o normal é de até 175 mg/dL).

Os laboratórios de todo o país já estão recebendo o comunicado com o novo posicionamento. A decisão foi tomada com base em diversos estudos recentes.  Um deles, realizado por pesquisadores da Universidade de Copenhague, e que envolveu 300 000 pacientes de países como Canadá, Estados Unidos e Dinamarca, detectou que as alterações de valores entre os grupos de pacientes com jejum prévio para o exame de sangue de colesterol e triglicérides, em relação aos pacientes que não realizaram o jejum, foi insignificante. Mas não é só isso.

Tânia Martinez, cardiologista e coordenadora de Prevenção Cardiovascular para Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que também liderou a reunião no Brasil, explica que, quando o paciente fica muitas horas sem se alimentar, seus níveis de triglicérides caem e, se a coleta de sangue for feita quando as taxas estiverem baixas, o resultado pode mascarar o risco de lipoproteínas não metabolizadas e, devido a isso, possíveis doenças cardiovasculares. “É um novo parâmetro”, diz.

Ainda segundo a entidade brasileira, o jejum já não era necessário para a realização do colesterol total e do HDL-c, o chamado “colesterol bom”, uma vez que o ideal é que o paciente mantenha sua dieta e hábitos alimentares de costume para a avaliação de sua real condição metabólica.

As entidades brasileiras apoiam a flexibilização do tempo de jejum e entram em consenso com as diretrizes europeias da Federação Europeia de Química Clínica e Medicina Laboratorial e da Sociedade Europeia de Aterosclerose.

Na Dinamarca, por exemplo, o uso de testes de colesterol em tempo aleatório, ou seja, sem a necessidade do jejum, tem sido realizado com sucesso desde 2009, o que tem beneficiado diabéticos, idosos e crianças.

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