As férias escolares chegaram ao fim e o novo ano letivo já teve início em grande parte da rede de ensino. A volta às aulas é um momento que pede atenção dos pais, principalmente em relação à saúde ocular das crianças. Segundo dados do Ministério da Saúde, 30% das crianças em idade escolar possui algum problema de visão e, conforme o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), entre 3% e 10% dos brasileiros, de 7 a 10 anos, precisam usar óculos.
Os erros de refração, por exemplo, podem prejudicar atividades do dia a dia e o aprendizado. Entre os mais comuns, a miopia dificuldade para enxergar objetos que estão longe; a hipermetropia incapacidade de visualizar claramente objetos próximos; e astigmatismo objetos desfocados tanto perto como longe.
Os pais ou responsáveis devem observar se a criança apresenta dificuldade em reconhecer objetos comuns e pessoas conhecidas e se não manifesta mais interesse por atividades normalmente cativantes, além de tropeçar ou cair com frequência. Na sala de aula, os erros refracionais podem fazer a criança ‘apertar’ os olhos para enxergar, levantar de seu lugar e se aproximar da lousa ou até mesmo desistir de prestar atenção. Também é possível observar casos de dores de cabeça no fim do dia de estudos pelo esforço em tentar ver melhor, alerta Fabio Pimenta de Moraes, especialista em oftalmopediatria do Hospital de Olhos Paulista (H. Olhos).
Os problemas de refração devem ser corrigidos sempre que limitarem a capacidade visual das crianças, pois podem acarretar um desenvolvimento visual incompleto, comprometer o aprendizado, deixar a criança insegura e mais propensa a se machucar em quedas ou acidentes. Tão logo seja percebida a deficiência, é importante consultar um oftalmologista para uma avaliação, exames e a prescrição dos óculos, que, normalmente, devem ser usados constantemente e revistos frequentemente, para corrigir pequenas mudanças de grau possíveis de ocorrerem de tempos em tempos.
É comum muitas crianças rejeitarem os óculos, ainda que percebam a diferença para enxergar. Em geral, isso acontece porque elas não gostam de se sentir diferentes dos amigos. Para reverter essa situação, é interessante que participem da escolha do modelo, apresentando a elas algumas opções para que selecionem os óculos preferidos.
Isso é importante para que a criança se sinta ‘dona’ dos óculos. Outra medida fundamental é criar uma rotina, colocando os óculos logo que acordar e retirar apenas ao tomar banho e dormir, além de recompensar o uso com atividades ou vantagens que a criança goste ou queira, explica o Dr. Fabio. Caso a criança ainda tenha dificuldade, uma opção é que outras pessoas do círculo social também usem óculos ou pelo menos armações, mesmo que sem grau.
A criança normalmente não toma muito cuidado com seus óculos e, sendo assim, o ideal são armações mais resistentes e/ou maleáveis (acetato ou silicone/nylon). A adaptação dos óculos no rosto da criança, que ainda não tem a base nasal completamente desenvolvida, é outro fator relevante. Os pais ou responsáveis devem checar a armação no rosto no momento da compra para assegurar que fique bem ajustada, sem cair ou cobrir os olhos, seja para cima ou para os lados, diz o especialista.
Para as aulas de Educação Física, os modelos de silicone, geralmente mais macios, são os mais indicados. Entretanto, dependendo do grau, a criança pode retirar os óculos para o exercício. Já para os que praticam esportes de competição, há armações específicas, com lentes especiais e espumas para evitar traumatismos.
Em caso de alteração ou dúvidas quanto às condições oculares ou visuais, procure um oftalmologista o quanto antes. O acompanhamento médico deve acontecer desde o início, com uma primeira avaliação dentro do primeiro de vida, de preferência entre 4 e 8 meses, e a partir de então, a cada ano. Assim, a família pode assegurar um desenvolvimento visual saudável para a criança, finaliza o médico.