Os dados revelam também a mudança de alguns hábitos, como o consumo de refrigerantes e a prática de atividades físicas, que podem ter um impacto direto no peso

O excesso de peso no Brasil cresceu 26,3% nos últimos dez anos, passando de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016. Esse é um dos resultados-chave da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada nesta segunda-feira (17) pelo Ministério da Saúde. Foram entrevistadas 53.210 pessoas maiores de 18 anos por telefone em todos os estados. Os dados mostram que o problema do excesso de peso, que se caracteriza pelo  Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 25 quilos por metro quadrado (kg/m²), é mais comum entre os homens: passou de 47,5% para 57,7% no período. Já entre as mulheres, o índice passou 38,5% para 50,5%.

E não para por aí. De acordo com os dados, a prevalência de obesidade, definida pelo IMC acima de 30, duplica a partir dos 25 anos de idade e cresceu 60% em dez anos. Passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. Esses números servem de alerta para toda a família.

“Isso acontece porque a alimentação vem errada desde a infância. O problema é ingerir mais carboidratos e alimentos energéticos, como pães, massas e arroz, e poucos alimentos com valores nutritivos, como legumes , frutas, e carnes magras”, explica o pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria. A pesquisa revelou também alguns hábitos alimentares que impactam diretamente no acúmulo de peso. Por exemplo, houve uma redução do consumo regular de refrigerante e suco artificiais – de 30,9% em 2007, para 16,5% em 2016, o que é uma ótima notícia. Os dados mostram também que apenas 1 entre 3 adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana – o que ainda é muito pouco. Além disso, o consumo regular de feijão, um dos ingredientes-base da alimentação do brasileiro, também diminuiu: foi de 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016.

Outro ponto positivo: a prática de atividades físicas no tempo livre aumentou. Em 2009 o indicador era 30,3%, e em 2016, 37,6%.  “O excesso de peso é resultado de uma alimentação inadequada e da falta de esportes”, comenta Ejzenbaum. Por isso, além de preparar em casa refeições saudáveis e pferecer porções adequadas à faixa etária dos filhos, é imprescindível incluir a atividade física na rotina de toda a família. Afinal, crianças que se acostumam a ter uma boa alimentação e praticar esportes têm menos chances de tornarem adultos que vão entrar para as estatíticas de pesquisas como essa.

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